Quando o transporte falha, a vida das pessoas também

6 de novembro de 2025

Foto: Felipe Cruz/TV Globo

Na tarde de segunda-feira, um trem da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM), da linha 11-Coral, apresentou falha em pleno horário de pico — por volta das 17h10 — obrigando passageiros a caminhar sobre os trilhos na estação Estação Brás.


Mas este não foi um “simples transtorno técnico”.

Ele expôs, incisivamente, como o transporte público falha em garantir dignidade à vida de quem depende dele.

E quem depende mais?

Mulheres que têm duplas jornadas, mães que correm para buscar os filhos na creche, pessoas que pegam o trem exaustas depois de um dia inteiro de trabalho. Essa falha se torna um impacto real, não apenas uma manchete.


Considere a mulher que trabalha meio expediente, pega o trem lotado, chega atrasada por causa da superlotação ou falha na linha, e ainda precisa enfrentar o trânsito ou buscar os filhos antes que feche a creche.

A estação parada, o trem com horário estendido, a necessidade de caminhar sobre os trilhos, tudo isso vira um atraso na vida dela, um aumento no tempo de trabalho não remunerado e um desgaste emocional que não se contabiliza.

Essa rotina invisibilizada é parte da realidade de tantas mulheres no grande entorno da zona leste.


E não são só os atrasos, há também o medo, a insegurança. Quando a linha falha, quando a estação lota ou fica parada, quem está lá é apresentado ao risco. Mulheres, muitas vezes, permanecem sós na plataforma ou se deslocam em vias alternativas sem iluminação ou proteção.

Caminhar entre trilhos ou fazer baldeações longas é colocar corpo e confiança em situações que deveriam se chamar “acesso garantido”, não “sorte de acerto”.


Essa falha operacional revela algo mais profundo: a infraestrutura que atende “menos prioridade” acaba atingindo pessoas que já são atingidas por desigualdades — trabalhadores, mulheres, mães solo, famílias periféricas. Aumenta o tempo de deslocamento, diminui a segurança, soma ao cansaço.


Quando o transporte público falha, ele não falha sozinho.

Ele empurra sobre as pessoas uma carga invisível de estresse, atraso, insegurança e, para muitos, isso se transforma em doença, ansiedade, sensação de falta de controle.


A saúde mental de quem trabalha para cumprir horários apertados, com transporte falho e jornada dupla, está em risco. E essa é uma questão de política pública.


Precisamos exigir: trens confiáveis, intervalos reduzidos, estações seguras, baldeações mais fáceis.

Não como “luxo”, mas como direito.

E precisamos ouvir especialmente as mulheres que vivem essa rotina. Porque o transporte que funciona bem não é só o que leva do ponto A ao B. É o que devolve tempo, segurança e dignidade.


Sou Aline Teixeira, e acredito que uma cidade com transporte eficiente é uma cidade que respeita quem vive e quem vive muitas vezes espera pelo trem, o lar e o futuro todo dia.

Se você também acredita, me acompanhe nas redes sociais @alineteixeira.oficial.


17 de dezembro de 2025
O futuro de um país não começa no Palácio do Planalto. Começa nas creches. Nos primeiros anos de vida, quando uma criança aprende a andar, a falar, a confiar. É ali, no colo e no cuidado, que se formam as bases emocionais, cognitivas e sociais que acompanharão cada pessoa pelo resto da vida. Mas no Brasil, o acesso à educação infantil ainda é um privilégio. Em muitas cidades, mães esperam meses (às vezes anos) por uma vaga. E, enquanto isso, precisam escolher entre trabalhar ou cuidar dos filhos. É uma escolha cruel. A creche não é apenas um espaço para “deixar a criança” enquanto os pais trabalham. É um espaço de formação, de acolhimento, de desenvolvimento humano. Quando uma criança tem acesso a uma educação de qualidade desde cedo, ela cresce com mais autonomia, mais empatia e mais chance de romper o ciclo da pobreza. Garantir vagas em creches públicas é, portanto, uma decisão econômica e social, não apenas educacional. Cada vaga aberta é uma mulher que volta ao mercado de trabalho, é uma família com mais estabilidade financeira, é uma criança com mais oportunidade de aprender e crescer. Se quisermos um país mais justo, precisamos começar pelas crianças. É nas políticas para a primeira infância que se constrói o verdadeiro futuro, aquele que não depende de slogans, mas de ações concretas: creches acessíveis, professores valorizados, alimentação adequada e acompanhamento psicológico. O desenvolvimento de uma sociedade começa no colo. É ali que nascem a segurança, a confiança e a esperança. Sou Aline Teixeira, e acredito que cuidar das crianças é cuidar do país.  Se você também acredita, me acompanhe nas redes sociais @alineteixeira.oficial.
15 de dezembro de 2025
O colapso no transporte público de São Paulo — como o que vimos na Linha 11-Coral — não é apenas um problema técnico. É um problema social, econômico e de gênero. Sempre que um trem para, quando uma linha sofre panes, atrasos ou superlotação, o impacto recai de forma muito maior sobre as mulheres. Isso acontece porque elas dependem mais do transporte público, têm jornadas mais fragmentadas e lidam com responsabilidades que o sistema insiste em tratar como “assuntos privados”: levar e buscar filhos na escola, cuidar de idosos, trabalhar longe de casa e realizar tarefas que exigem múltiplos deslocamentos diários. Quando o trem quebra, não é apenas o horário de trabalho que se perde. É a vaga da creche que chega perto de ser cancelada. É a advertência no emprego, mesmo quando a culpa não é da trabalhadora. É a criança esperando mais tempo do que deveria. É a mulher voltando mais tarde, agora exposta a riscos maiores. Falhas de mobilidade urbana não afetam todo mundo da mesma maneira. Elas ampliam desigualdades — especialmente para quem já enfrenta dificuldades estruturais. Em vagões lotados, as mulheres são alvo fácil de assédio. Em estações sem segurança, correm risco de violência. Em trajetos noturnos, sentem medo legítimo. Falar de mobilidade, portanto, é falar de segurança pública, saúde mental, acesso ao trabalho e autonomia feminina. Um transporte eficiente reduz estresse, aumenta produtividade, diminui evasão escolar e protege vidas. Mas tudo isso só funciona quando o poder público enxerga a mobilidade como política essencial e não como gasto. Enquanto essas medidas não são tomadas, continuamos repetindo o mesmo ciclo: trabalhador atrasado, mãe sobrecarregada, usuárias expostas a risco e uma sensação generalizada de abandono.