O transporte público como fator de desigualdade

15 de dezembro de 2025

O colapso no transporte público de São Paulo — como o que vimos na Linha 11-Coral — não é apenas um problema técnico. É um problema social, econômico e de gênero.


Sempre que um trem para, quando uma linha sofre panes, atrasos ou superlotação, o impacto recai de forma muito maior sobre as mulheres.


Isso acontece porque elas dependem mais do transporte público, têm jornadas mais fragmentadas e lidam com responsabilidades que o sistema insiste em tratar como “assuntos privados”: levar e buscar filhos na escola, cuidar de idosos, trabalhar longe de casa e realizar tarefas que exigem múltiplos deslocamentos diários.


Quando o trem quebra, não é apenas o horário de trabalho que se perde.

É a vaga da creche que chega perto de ser cancelada.

É a advertência no emprego, mesmo quando a culpa não é da trabalhadora.

É a criança esperando mais tempo do que deveria.

É a mulher voltando mais tarde, agora exposta a riscos maiores.

Falhas de mobilidade urbana não afetam todo mundo da mesma maneira.

Elas ampliam desigualdades — especialmente para quem já enfrenta dificuldades estruturais.


Em vagões lotados, as mulheres são alvo fácil de assédio.

Em estações sem segurança, correm risco de violência.

Em trajetos noturnos, sentem medo legítimo.


Falar de mobilidade, portanto, é falar de segurança pública, saúde mental, acesso ao trabalho e autonomia feminina.


Um transporte eficiente reduz estresse, aumenta produtividade, diminui evasão escolar e protege vidas.

Mas tudo isso só funciona quando o poder público enxerga a mobilidade como política essencial e não como gasto.


Enquanto essas medidas não são tomadas, continuamos repetindo o mesmo ciclo: trabalhador atrasado, mãe sobrecarregada, usuárias expostas a risco e uma sensação generalizada de abandono.


12 de dezembro de 2025
O Brasil está cansado. E não é só um cansaço físico, é um cansaço profundo, que atravessa corpo, mente e alma. Um cansaço de trabalhar tanto e ver tão pouco retorno, de viver em estado de alerta constante, de se sentir sempre à beira do colapso. A exaustão virou parte da rotina nacional. São trabalhadores que acordam antes do sol, enfrentam transporte precário, cumprem jornadas longas e ainda voltam pra casa com a cabeça cheia de contas e preocupações. São mães que acumulam funções, estudantes que trabalham para poder estudar, profissionais de saúde e educação que seguem firmes mesmo sem o mínimo reconhecimento. Vivemos em uma sociedade que normalizou o esgotamento. Ser produtivo virou sinônimo de ser valioso e descansar passou a ser quase um pecado. As pessoas estão dormindo menos, comendo mal, se isolando, se desconectando de si mesmas. Esse cansaço coletivo é também um sintoma político. Porque o desgaste não vem do nada, ele é resultado de um país que cobra muito de quem tem pouco e entrega pouco a quem mais precisa. É o acúmulo de jornadas, a falta de estrutura, a precarização do trabalho, o medo constante do desemprego e o desamparo das políticas públicas. O esgotamento virou parte da paisagem, mas ele não é natural. Ele é fruto de escolhas e escolhas podem ser diferentes. Cidades com mobilidade eficiente, acesso à saúde mental, moradia digna e educação de qualidade produzem cidadãos mais equilibrados, mais criativos, mais saudáveis. Precisamos, como sociedade, reaprender a valorizar o descanso, o lazer, o tempo livre. Precisamos resgatar a noção de que o bem-estar não é luxo, é direito. Porque ninguém pode viver o tempo todo em modo de sobrevivência. O Brasil precisa de respiro e não só no sentido figurado. Precisamos de um novo pacto social que coloque o cuidado no centro das políticas públicas. Porque quando um país esgota o seu povo, ele esgota também o próprio futuro. Sou Aline Teixeira, e acredito que um país justo é aquele em que as pessoas podem viver e não apenas resistir.  Se você também acredita, me acompanhe nas redes sociais @alineteixeira.oficial.
10 de dezembro de 2025
Toda mulher conhece o medo. Ele aparece disfarçado nas pequenas decisões do dia: o caminho mais iluminado, a roupa escolhida, o fone que sai do ouvido ao atravessar uma rua. É um medo que não precisa ser nomeado, porque é aprendido desde cedo. E, ao contrário do que muitos pensam, não é um medo “exagerado”, é sobrevivência. Nas grandes cidades, esse medo ganha novos rostos: o da insegurança nos transportes, o do assédio nas ruas, o da violência dentro de casa. Mulheres precisam calcular cada passo, cada horário, cada trajeto, como se o simples ato de existir em público fosse um risco. E, infelizmente, muitas vezes é. Quando falamos em direito à cidade, precisamos incluir a perspectiva feminina. O transporte, a iluminação pública, os espaços de lazer e as políticas de segurança não foram pensados levando em conta as necessidades das mulheres. Ainda vivemos em cidades planejadas por e para homens, e isso se reflete em cada calçada mal iluminada, em cada ponto de ônibus isolado, em cada ausência de acolhimento às vítimas de violência. Quantas vezes uma mãe deixa de aceitar um trabalho porque o trajeto é perigoso à noite? Quantas jovens deixam de estudar porque o caminho até a escola é escuro? Quantas mulheres mudam a rotina por medo? Essas histórias estão em toda parte, mas quase nunca nas prioridades. Garantir o direito de ir e vir com segurança não é um favor, é uma obrigação do Estado. Isso significa investir em transporte seguro, em patrulhas de proteção, em urbanismo inclusivo, em campanhas educativas e em políticas de enfrentamento à violência de gênero. Mas também significa mudar a cultura e deixar de naturalizar o medo. Nenhuma mulher deveria precisar mandar mensagem dizendo “cheguei bem”. Nenhuma menina deveria aprender que “andar sozinha é perigoso”. Uma cidade verdadeiramente desenvolvida é aquela em que todas podem circular sem medo de não voltar para casa. Sou Aline Teixeira, e acredito que a liberdade das mulheres começa no direito de andar sem medo.  Se você também acredita, me acompanhe nas redes sociais @alineteixeira.oficial.