Segurança da mulher no transporte público

Para muitas mulheres, o simples ato de se deslocar pela cidade é acompanhado por medo, vigilância constante e estratégias de autoproteção. O transporte público, que deveria ser um espaço democrático e seguro, ainda é palco de assédio, violência e desrespeito. Quantas vezes já ouvimos relatos de mulheres que trocam de roupa antes de sair de casa, escolhem rotas mais longas ou evitam determinados horários para tentar se proteger?
Uma pesquisa do Fórum Brasileiro de Segurança Pública revelou que 46% das brasileiras já sofreram algum tipo de assédio em ônibus, metrôs ou trens. São números alarmantes, mas que não dão conta de toda a dimensão desse problema: porque, além do trauma imediato, fica também o impacto na saúde mental, no direito de ir e vir e no sentimento de cidadania. Quando a mobilidade é limitada pelo medo, não estamos diante de um detalhe, mas de uma grave questão de desigualdade.
Garantir segurança para as mulheres no transporte público exige políticas concretas: campanhas permanentes de conscientização, treinamento de funcionários para acolher denúncias, ampliação de canais de registro e, sobretudo, punição efetiva para agressores. Também é necessário pensar no desenho das cidades, iluminação, câmeras e presença policial que de fato priorize a proteção das pessoas mais vulneráveis.
Não podemos aceitar que metade da população tenha sua liberdade cerceada por medo de viver violência em trajetos cotidianos. A cidade só será justa quando todas as mulheres puderem entrar em um ônibus, metrô ou trem sem carregar a sensação de que estão em permanente estado de alerta. Segurança no transporte público é, antes de tudo, um direito fundamental.
Aline Teixeira

